Revista Tatame #194 - Artigo Jiu-Jitsu
Faixa Branca
De maneira geral, todo aluno quando entra
numa academia traz aquele quimono novo e amarra sem jeito a faixa branca,
começa aprendendo a amarrar a faixa e dar o nó correto. No início tudo é
novidade, muita coisa para aprender, rolamento, fuga de quadril, e por aí vai.
Porém, dentro de pouco tempo, aquela faixa branca para muitos começa a
incomodar. Muitos estão mais preocupados em passar para a faixa seguinte do que
aprender as técnicas corretamente e assimilar os detalhes para potencializar
seus movimentos fundamentais.
Na maioria das artes marciais, quando você
começa a treinar, você é um “faixa branca” e alguns vêem esta faixa como uma
graduação sem valor, ou melhor, faixa branca nem é uma graduação. Sentem até
vergonha em dizer que são faixas brancas, mas o faixa preta é um faixa branca
que não desistiu. Ninguém nasce faixa preta. A faixa branca já é uma graduação.
Quem não treina não pode dizer que é um faixa branca.
A faixa branca do lutador avisa aos mais
graduados que aquele lutador ainda está no início do seu aprendizado, então, os
mais graduados treinam mais cadenciados, durante o treino dão dicas, ensinam o
caminho correto. Os faixas brancas devem lutar dentro do que já sabem, tentando
dar bastante giro, lutando sem amarração, vivenciando e aprendendo a dinâmica
da luta, o tempo certo dos golpes e movimentações, hora de explodir e hora de
concentrar energias, repor o aeróbico para futuros giros.
A faixa branca tem que trazer humildade ao
aluno, saber que tem muito para aprender ainda, respeitar os mais graduados. É
comum o lutador pesquisar posições na internet, o que pode ser interessante,
mas antes de tudo deve-se demonstrá-las ao professor e pedir sua opinião quanto
à sua aplicação nos treinos. Existem finalizações que podem causar lesões
graves quando mal executadas ou sem a supervisão de um professor atento à
utilização de determinado golpe.
Acredito que o tempo de faixa branca deve
ser bem aproveitado, vivenciado sem pressa. Este início é o momento exato para
se aprender de maneira bem sólida os fundamentos que durante todo a sua vida de
lutador, inclusive na faixa preta, você irá usar. Como buscar finalizações
elaboradas, se a base não está sólida? Como fazer posições avançadas, se
movimentos fundamentais não são executados como deveriam? São os detalhes que
fazem o diferencial numa luta. Fazer as pegadas certas, usar o próprio corpo no
movimento certo. Preocupar-se com a técnica é essencial, porque você pode ser
forte, mas ao lutar com alguém com a mesma intensidade de força física, esta
diferença acaba e será a técnica de cada um que causará o desequilíbrio,
mostrando o vencedor da luta, seja em um treino de academia ou num
campeonato.
A busca da graduação é um sentimento
legítimo. Qual lutador não quer ganhar a faixa preta? Quem não deseja vencer um
campeonato brasileiro ou mundial? Muitos querem ser professores e formar outros
faixas pretas, contudo, todas essas metas ou sonhos a serem alcançados têm um
ponto em comum. Todos esses caminhos começam na base da formação do lutador, no
início do seu aprendizado, nos fundamentos da nossa Arte Suave, justamente na FAIXA BRANCA.
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